quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

O Sapo Godô


Esta é a estória do sapo Godofredo.
Godô, como era conhecido entre a asparia, era um sapo gordo e feliz. Morava num brejo bem tranqüilo junto com sua família. Tinha muitos amigos na vizinhança. Lá no brejo todos se conheciam. A família de Godô sempre morou nesse mesmo brejo, e nem pensava em mudar de lá. Achavam que não poderia existir outro brejo melhor. Onde iam encontrar vizinhos tão bons quanto os seus?


Toda noite tinha cantoria no brejo, a saparia coaxava junto e era aquela festa até a madrugada. Não se pode dizer quem era afinado... Eles nem se preocupavam com isso, cantavam porque eram felizes e pronto! Até que um belo dia... Quando Godô estava tomando seu banho de sol como sempre fazia, ele ouviu uns barulhos no mato e começou a prestar atenção. O barulho parecia cada vez mais perto. Podia ser o Juquinha, aquele menino que volta e meia aparecia no brejo para caçar rãs. E quando não encontrava... Levava sapo mesmo! Acho até que faz coleção de sapos! Por isso Godô ficou com medo e já ia fugir quando... - Coach! Coach! Coach!


Eram sapos de outro brejo.
- Ufa! Que susto! – suspirou Godô. Quando passou perto ele reparou que estava com suas trouxinhas, com certeza iam se mudar para este brejo. Nesse instante cumprimentaram o Godô:
- Oi! Tudo bem? Você mora nesse brejo? Perguntou Gumercindo com um sorriso.
- É eu moro aqui sim. Por que, hein? – indagou Godô desconfiado.
- Então seremos seus novos vizinhos. (e já foi apresentando a sua família) - Esta é minha esposa Gioconda, esse é o Junior e eu sou o Gumercindo.- Meu nome é Godofredo, mas meus amigos me chamam apenas de Godô. - Com licença Godô, agora temos que ir arrumar nossas coisas no nosso novo lar. A partir de hoje teremos muita oportunidades de conversar. Até logo, Godô! - Tchau.
E foi só virarem as costas ou partirem que o Godô já começou a resmungar: - Quem disse para aquele intrometido que ele pode me chamar de Godô, só os meus amigos me chamam assim e sou eu quem escolhe quem vai ser meu amigo. Tomara que a casa deles fique bem longe da minha, porque eu não quero ver esse pessoal todos os dias.


Imagine a cara do godô quando, ao voltar para casa, ele vê a tal Gioconda conversando com sua mãe na cozinha. Ele ficou na sala mesmo, para que ela não o visse e, quando ela ia embora, ele se escondeu atrás do sofá, para que não ter de cumprimentá-la. Depois foi até  a janela para ver qual era a casa deles, então viu que a casa deles era bem em frente a sua e pensou: “Mas que coisa! Eles vão ser os meus vizinhos bem de perto! Assim já é demais! Dá vontade até de arrumar minhas trouxinhas e ir para outro brejo...”. No começo os outros sapos estranharam um pouco os novos vizinhos, mas depois de alguns dias já estavam até convidando-os para fazer parte da cantoria animada de todas as noites. Só Godô olhava feio para eles, ele achava que o brejo nunca mais seria o mesmo com esses ‘intrusos’.


E, realmente, o brejo mudou, mas para melhor. Porque o sapão Gumercindo era maestro e entendia de música e de coral. Ele ensinou a saparia do brejo a coaxar afinadinho. Dava gosto de ouvir! Você não acha que o Godô estava com ciúme? Ele achava que agora a saparia só ia dar atenção para os novos vizinhos. Godô pulava de ciúme! Então, numa noite, quando a lua redondona debruçou na janela, pensando que a cantoria dos sapos era serenata para ela, o Godô teve uma idéia. Uma idéia muito feia.


Ele tomou bastante impulso e pulou bem na cabeça do maestro Gumercindo. Os óculos do maestro afundaram no brejo ele ficou com dor de cabeça por vários dias. Agora sim, o brejo não era mais o mesmo, a saparia estava triste e não cantava mais. Todos faziam cara feia para o Godô, e com razão. Seus pais tiveram uma conversa bem séria com ele. Godô escutou e, arrependido chorou. Quase todos os sapos do brejo já tinham ido visitar o maestro Gumercindo. Agora sim, todas as atenções estavam voltadas para ele. Graças ao ciúme do Godô. Enquanto isso, os únicos que davam atenção para o Godô eram seus pais, porque eram a sua família. Você acha que Godô continuou com ciúme? Não, ele tinha se arrependido de verdade e aprendeu uma grande lição.


Sabe o que ele fez? Foi procurar os óculos do seu Gumercindo e foi entregá-lo pessoalmente e aproveitou para pedir desculpas. Então o Sr. Gumercindo e Godô se tornaram grandes amigos. E nessa noite teve cantoria até o amanhecer. Quando o Sr. Gumercindo sarou, ele ensinou Godô a ser maestro também, e ele e passou a ensinar os menores, aliás, os mais novos. Godô se tornou mais querido por todos após sua atitude e nunca se viu tanta alegria no brejo como a partir daqueles dias. A lua não perdia uma noite da cantoria e ainda batia palmas e gritava:
- mais um! Mais um!


Editora Redijo
Texto: Alessandra de Souza
Desenho: Leopoldo Soares

Um comentário:

  1. uNA HISTORIA MUY INTERESANTE QUE NOS DEJA LUGAR PARA LA REFLEXIÓN
    gRACIAS AMIGO POR COMPARTIR
    Con cariño Victoria

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